Rover Curiosity registra pôr-do-sol marciano

Apesar de o rover Curiosity enviar, geralmente, imagens de formações rochosas de interesse primordialmente científico, há alguns registros capazes de chamar a atenção mesmo do público leigo. Como, por exemplo, o registro de um belo pôr do Sol marciano no dia 15 de abril, marcando o entardecer de um dia com pouco mais de 12 horas.


Naturalmente, o que mai chama a atenção é a profusão de tons azulados da imagem. Trata-se de um efeito direto dos raios solares ao atravessarem o material relativamente fino que ocupa a atmosfera de Marte. O registro foi efetuado durante o intervalo entre duas tempestades de poeira — de forma que ainda havia muitas partículas no ar —, o que deu aos cientistas a chance de estudar a distribuição vertical dos corpúsculos na superfície do planeta.

Trata-se da facilidade com que algumas frequências luminosas conseguem atravessar a fina atmosfera. “As cores se devem ao fato de que a poeira muito fina é do tamanho exato que para permitir a penetração um tanto mais eficiente da luz azul”, afirmou Mark Lemmon, um dos cientistas responsáveis pelo Curiosity.

Ele continua: “Quando a luz azul se dispersa pela poeira, ela se mantém mais próxima da direção do Sol do que as luzes de outras cores.” Como resultado, o resto do céu marciano é estampado por tonalidades amareladas e alaranjadas, “conforme o amarelo e o vermelho se distribuem por todo o céu, em vez de serem absorvidos ou de se manterem próximos do Sol”. Trata-se, portanto, do “inverso” do que ocorre na Terra, em que o céu é tomado por amarelo e vermelho enquanto o restante permanece azul.

Diferença entre as tonalidades do pôr-do-sol terrestre e o marciano.

Vale ressaltar, entretanto, que o registro enviado pelo Curiosity trazia uma imagem em preto e branco de alta resolução. Todavia, quem olhar com cuidado para a fotografia provavelmente vai encontrar uma espécie de textura. Trata-se do padrão com que a Mastcam (e também outras câmeras digitais) registra as cores presentes na imagem, por meio dos chamados filtros de Bayer. O resultado, tal como se vê, foi decodificado pela entusiasta espacial Damia Bouic.

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